ADOLESCÊNCIA E ATIVIDADES ESCOLARES: REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA DE ITUIUTABA-MG

Abstract

A adolescência tem sido compreendida por diferentes perspectivas: como um período de desenvolvimento, marcado por conflitos e perturbações, resultando numa concepção naturalizante e universal; como um fenômeno cultural, produzido pelas práticas sociais e ainda como construções sócio-históricas. Este estudo parte do princípio de que as representações sociais dos professores sobre a adolescência trazem implicações no modo como conduzem o processo ensino-aprendizagem e elegem as atividades de ensino. Insere-se na Linha de Pesquisa Desenvolvimento profissional, trabalho docente e processo de ensino-aprendizagem, do Programa de Pós-Graduação em Educação da UNIUBE. Toma como objeto de estudo a adolescência e as atividades escolares. Apresenta como objetivo geral identificar e compreender as representações sociais de professores da Educação Básica, das escolas municipais e estaduais de Ituiutaba-MG, sobre a fase da adolescência e sua relação com as atividades escolares. Caracterizado por uma abordagem quanti-qualitativa, adota como suporte teórico-metodológico a Teoria das Representações Sociais, proposta por Moscovici (2013), Jodelet (2001) e a subteoria do Núcleo Central de Abric (2000). Participaram da pesquisa 65 professores da Educação Básica, de três escolas públicas de Ituiutaba/MG, que ministram aulas para alunos do quinto ao nono ano da Educação Básica. A coleta dos dados se deu em duas etapas, sendo que, inicialmente, utilizou-se um questionário, contendo questões abertas e fechadas e a Técnica de Associação Livre de Palavras, que foram tratadas pelo software EVOC, baseado no método Vergés (1992). Esse software tem como finalidade identificar nas Representações Sociais os elementos centrais e periféricos. No segundo momento, foi utilizado o Teste do Núcleo Central, com o objetivo de identificar, a partir de cognições inicialmente levantadas, aquelas que efetivamente compõem o núcleo central. Os dados coletados foram analisados com o auxílio da teoria das Representações Sociais, da subteoria do Núcleo Central e dos pressupostos da Teoria de Análise de Conteúdo de Bardin (2011). As análises mostram que os professores caracterizam a adolescência a partir de representações assentadas numa perspectiva natural, pré-determinada e universal, em que o adolescente é compreendido como rebelde, indisciplinado e descompromissado. Ademais, a maioria das atividades escolares sugeridas por eles e caracterizadas como categorias “dinâmicas”, “tecnológicas” e “grupais” podem contribuir para minimizar a negatividade de tais características e contribuir de fato para a aprendizagem. No entanto, a categoria “expositivas”, sugerida pelos professores, parece ser contraditória, uma vez que não guarda relação com as representações reveladas. Nesse sentido, o resultado deste estudo sugere, no âmbito das unidades escolares, a realização de intervenções formativas para que os professores compreendam melhor as características do adolescente e a relação destas com as atividades escolares.