FORMAÇÃO DOCENTE E DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: UMA ANÁLISE DE PROJETOS PEDAGÓGICOS DE CURSOS DE PEDAGOGIA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

Abstract

Este estudo versa sobre a Formação docente e as Dificuldades de Aprendizagem (DA), por meio de uma análise crítica de Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPCs) de Pedagogia, que obtiveram nota 5, no ENADE (2017), das universidades federais do estado de Minas Gerais, Brasil. A pesquisa desenvolveu-se no Programa Mestrado Profissional em Educação: Formação docente para a Educação Básica, na Linha “Práticas Docentes para a Educação Básica”, com ênfase nas DA como componente formativo em Cursos de Licenciatura em Pedagogia. O objetivo geral consistiu em analisar como os PPCs de Pedagogia, ofertados pelas Universidades Públicas Federais do estado de Minas Gerais, que obtiveram conceito 5 no ENADE (2017), tratam essa temática no processo de formação dos docentes dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Como parte da problemática, foram balizadas as seguintes perguntas: 1) Nos Projetos Pedagógicos de Curso (PPCs) de licenciatura em Pedagogia há Dificuldades de Aprendizagem? 2) Quais os componentes curriculares projetam o estudo das Dificuldades de Aprendizagem durante o Curso de Graduação? 3) Como são delineadas, nos PPCs, as ementas e os estudos acerca das Dificuldades de Aprendizagem? A pesquisa situa-se no campo da abordagem qualitativa, utilizando-se de análise bibliográfica e documental. Foi constituído um corpus que abrangeu vários documentos públicos, como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e os PPCs de Pedagogia das Universidades investigadas: Universidade Federal de Minas Gerais, Universidade Federal de São João Del-Rei, Universidade Federal de Uberlândia, Universidade Federal de Juiz de Fora e Federal de Viçosa (UFMG, UFSJ, UFU, UFJF e UFV). Como referenciais utilizaram-se autores da área de formação docente, como Veiga et al. (1997); Gatti (2009, 2010); Saviani (2007, 2009); Scheibe (2008); Scheibe e Aguiar, (1999); Dourado et al. (2016); Pedroso et al. (2019) e dedicados às DA, como Patto (1991), Correia e Martins (2005); Miranda (2003, 2008); Soares e Guimarães (2017); entre outros. Constatou-se que o tema é complexo, multirreferencial, multidimensional e multicausal. Houve uma curricularização da questão DA.Todos os cursos investigados abordam a temática das DA nos percursos curriculares formativos docentes, de modo específico e transversal. Identificou-se que o Curso da UFMG oferta um componente curricular obrigatório e específico, denominado “Dificuldades no Ensino – Aprendizagem da Leitura e Escrita”. Nos demais Cursos a temática é transpassada nos conteúdos programáticos, com abordagens distintas: psicologia e psicopedagogia; abordagem social e cultural e neurociência. Identificou-se a presença do tema nas disciplinas consideradas obrigatórias, em “Psicologia da Educação”. No PPC da UFJF figura também no componente optativo “Infância e adolescência na contemporaneidade”; na UFU em “Tópicos em Psicopedagogia” (optativa) e na UFV as DA estão contempladas na disciplina “Neurodidática bases biológicas da aprendizagem”, também optativa. Observaram-se, nos documentos que as universidades investigadas ofertam, atividades de excelência em ensino, pesquisa e extensão, de acordo com as diretrizes nacionais de formação de professores (2015), que destinam aos estudantes uma carga horária superior à exigida pela normatização vigente no país. No entanto, considera-se que o espaço destinado ao tema, nos currículos, é restrito, o que pode afetar o desempenho do docente que lida com essa problemática em sala de aula. Conclui-se, portanto, que o tema deve ser enfatizado nos processos de formação contínua dos docentes dos anos iniciais do ensino fundamental.